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Palácio dos Papas de Avinhão

Provença-Alpes-Costa Azul / França

O Palácio dos Papas em Avinhão, França, é uma das maiores e mais importantes construções góticas da Idade Média na Europa. Ao mesmo tempo fortaleza e palácio, a residência pontifícia foi, durante o século XIV, a sede da cristandade do Ocidente. Avinhão tornou-se na residência dos papas em 1309, quando o papa Clemente V, não querendo voltar a Roma depois do caos da sua eleição, mudou a corte papal para Avinhão. No palácio de Avinhão realizaram-se seis conclaves, dos quais resultaram as eleições dos papas Bento XII, em 1335; Clemente VI, em 1342; Inocêncio VI, em 1352; Urbano V, em 1362; Gregório XI, em 1370; e do Antipapa Bento XIII, em 1394. O palácio, que resulta da fusão de dois edifícios - o palácio velho de Bento XII, verdadeira fortaleza assente sobre o inexpugnável rochedo dos Doms, e o palácio novo de Clemente VI, o mais faustoso dos pontífices de Avinhão - é, não somente, um dos maiores edifícios góticos, mas também aquele em que se exprimiu o estilo gótico internacional em toda a sua plenitude. É o fruto, pela sua construção e ornamentação, do trabalho conjunto dos melhores arquitetos franceses, Pierre Peysson e Jean du Louvres , e do maior pintor de afresco da Escola de Siena, Simone Martini. Além disso, a biblioteca pontifícia de Avinhão - a maior da Europa, na época, com os seus dois mil volumes - cristalizou à sua volta um grupo de clérigos apaixonados pelas belas letras na continuidade de Petrarca, o fundador do humanismo, enquanto a capela clementina, apelidada de Grande Capela, atraía compositores, chantres e músicos. Foi lá que Clemente VI apreciou a Messe de Notre Dame , de Guillaume de Machaut; que Philippe de Vitry, a seu convite, pôde dar a plena medida à sua Ars Nova e para onde Johannes Ciconia foi estudar. O palácio também foi o lugar que, pela sua amplitude, permitiu "uma transformação geral do modo de vida e organização da Igreja". Facilitou a centralização de serviços e a adaptação do seu funcionamento às necessidades pontifícias, permitindo criar uma verdadeira administração. Os efetivos da Cúria, de 200, no final do século XIII, passaram a 300 no início do século XIV, para chegar a 500 pessoas em 1316. A esses, juntavam-se mais de um milhar de funcionários laicos que podiam trabalhar no interior do palácio.No entanto, aquilo que, pela sua estrutura e funcionamento, havia permitido à Igreja adaptar-se "para que ela pudesse continuar a cumprir eficazmente a sua missão" tornou-se obsoleto quando os pontífices de Avinhão julgaram necessário regressar a Roma. A esperança numa reconciliação entre os cristianismos latino e ortodoxo, juntamente com a consumação da pacificação dos Estados Pontifícios na península Itálica, forneceram as bases reais para esse regresso.A estes factos, juntou-se a convicção de Urbano V e Gregório XI de que a sede do papado não podia estar senão no lugar onde se encontra a sepultura de Pedro, o primeiro pontífice. Apesar das dificuldades materiais, da oposição da Corte de França e das fortes reticências do Colégio dos Cardeais, ambos se dotaram de meios para regressar a Roma; o primeiro deixou Avinhão no dia 30 de abril de 1362 e o segundo no dia 13 de setembro de 1376, sendo desta vez a instalação definitiva.Apesar do regresso de dois antipapas, que fizeram de Avinhão a sua sede aquando do Grande Cisma do Ocidente, e da presença constante, entre o século XV e o século XVIII, de cardeais-legados e, depois, de vice-legados, o palácio perdeu todo o seu antigo esplendor mas conservou, sem contar com a "obra de destruição", este aspecto registado por Montalembert: Durante a Revolução Francesa, foi saqueado pelas forças revolucionárias. Em 1791, tornou-se no local de um massacre de contrarrevolucionários, cujos corpos foram atirados para a Torre das Latrinas , localizada na parte velha do palácio. O palácio foi depois tomado por Napoleão Bonaparte e utilizado como quartel e prisão. Durante a Terceira República Francesa, muitas das obras de arte e afrescos foram destruídos ou cobertos. Em 1906, tornou-se num museu nacional e permanece em constante restauro, mas aberto ao público. A partir de 1995, o Palácio dos Papas, juntamente com o Centro Histórico de Avinhão, passou a estar classificado na Lista do Património Mundial da UNESCO, com os critérios culturais i, ii e iv.